quarta-feira, 27 de abril de 2011

O mar


Acabara de amanhecer e eu ainda estava meio sonolenta. Por todo lado que se olhasse viam-se enormes eucaliptos tomando conta de toda paisagem, todos alinhados como soldados em marcha. O sol brilhava timidamente no horizonte até que pude perceber a mudança da paisagem. Surgiam pequenos arbustos no lugar dos imponentes eucaliptos e pouco a pouco os coqueiros tomavam lugar nos acostamentos. O ônibus parecia leve, mesmo assim eu me sentia um pouco estranha, é difícil ficar normal perto de pessoas que não conhecemos.

Havia algumas crianças no ônibus, ansiosas para a chegada, não só elas, mas todos.

A espera era tensa, era algo novo, meus olhos atentos não deixavam de fitar a janela um só instante, até que finalmente longe, mas inconfundível ele apareceu. Azul, imenso, hipnotizante e lindo. A sensação era única, eu parecia isolada de qualquer ruído ou ação. Tudo que eu conseguia olhar era a sua vasta e ampla existência. Querendo parecer normal, eu admirava algo muito mais belo do que tudo que eu já havia visto. Era impossível desviar minha atenção, até que as primeiras margens foram ficando distantes e entramos num lugar com pequenas casas e grandes hotéis, um lugar bonito, digno do grande atrativo daquele lugar.

Eu não via a hora de vê-lo de perto. Guardei minhas coisas, troquei de roupa e fui em direção às praias. Agora apenas uma avenida perigosamente movimentada me separava dele. Quando finalmente atravessei pude ouvi-lo, fitei-o com calma, analisei o movimento das precisas idas e vindas, agora eu sentia a areia ainda fria e molhada nos pés. Era chegado o momento. Parei, respirei e ele gentilmente veio até a mim em forma de onda espumante e branda. Lembro-me como se fosse agora. Selamos ali um encontro que só dois artistas poderiam realizar, ele a inspiração e eu a inspirada. E foi assim que eu felizmente conheci o mar.

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